sábado, 18 de dezembro de 2010

É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música.
Honoré de Balzac

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Nuvem Cinza

Hoje vou falar sobre a nuvem cinza. A nuvem cinza que se adensa e cobre a cidade, espalhando-se por entre as rochas e árvores, obstruindo a visão da paisagem. Chega insidiosa como o espanto não percebido, parece fluida, parece sólida. Sobe vagarosamente, mas não desobstrui o horizonte, velado pelo seu balé de inconstâncias. De repente, o azul do céu, já esquecido a esta hora, se anuncia, mas ele também se permite se corar de cinza, cor pálida e densa. Também tenho cinza em meus recessos obstruídos de perguntas e sem horizonte visível. O cinza invade minhas convicções como uma neblina baixa, gelada, líquida e repentina, levando a um arrepio lépido em minha espinha. Arrepio que nem o espanto poderia gerar. Desce rápido e obstrui meus passos errantes, que se já não sabiam antes onde pisar, vacilam a cada tentativa de seguir em frente. A nuvem cinza vai do branco ao preto, sem nunca, no entanto, atingi-los. Ela não é dada à extremos, prefere o espectro infinito de tonalidades intermitentes. Ela confunde, ela passa. A dúvida é cinza. Assim como a nuvem, também confunde, mas também passa.

Voô do Condor

Me colocarei sob seus pés para que neles possa sentir os caminhos por onde andou, e quem sabe pressentir os caminhos por onde vou. Preciso de mudanças, mas para fechar a porta, novas janelas precisam se abrir. Quero saber por onde sopra seu vento, por onde corre seu perfume. Não, não é pra ir atrás, mas para me inspirar no rastro de quem escreveu certo por linhas tortas, pois eu me cansei de escrever torto nas linhas retas e caretas da minha vida.

Quero a liberdade do vôo de um condor, que paira nas alturas e mergulha em seu alvo certo. Tão cheio de convicção, que chega a ser arrogante. A arrogância da certeza de se saber fazendo aquilo que será bem sucedido. A empáfia da objetividade.

Sou uma lagarta sentindo-se comprimida por seu casulo, mas sabendo que a pressão é parte da transformação. Hora de criar asas e aprender a voar de vez..

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Quando a palavra daquilo que ficou entalado virou texto e escapou de mim, senti o alívio daqueles que vêem partir alguém muito querido , mas que não podia mais possuir dignidade.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Como podemos saber o local das fronteiras de nossos domínios? E o limite dos nossos calos?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Não busco mais alguém que caiba nos meus sonhos. Busco sonhos que comportem serem vividos, para deixarem assim de serem oníricos.

domingo, 15 de agosto de 2010

Seus olhos lambem meu corpo,
beijam minha boca,
esquentam minha alma,
tiram minha roupa,

despenteiam meus cabelos,
enlouquecem meus desejos,
arrepiam meus pêlos,
liberam meus ensejos,

turvam minha visão
confundem meus sentidos,
povoam meus sonhos,
me traem o juízo.

Grão de Luz
2007

sábado, 31 de julho de 2010

Budapeste







Quando era pequena, achava que a Hungria era uma terra muito distante e estranha. Tinha impressão que fosse cinzenta, sem graça, como toda a europa oriental. Tenho certeza que esta imagem era o que o ocidente vendia como sendo a dos países comunistas: feios, quadrados, sem cor.
O interior do país seria uma série de descampados contendo campos de concentração, onde se matava judeus e depois os resistentes ao regime vermelho. Não existiria esplendor, luxo, alegria.

No entanto, me surpreendi ao chegar em Budapeste. A cidade é pulsante. Cortada ao meio pelo Danúbio, que não é azul, mas amarelo, o rio é a coluna vertebral da cidade. De um lado Buda, ou o deslumbramento, de outro, Peste, ou a imponência. Sob a regência de uma lua cheia onipresente, a cidade tem cheiro de modernidade e juventude. Mesmo que as marcas de anos de comunismo ainda possam ser vistas nos antigos vagões e na espartanamente eficiente malha do metrô, todo o resto nos inspira familiaridade, exceto pela língua...

Andando descansadamente entre as ruelas da cidade alta de Buda, todo o ranço do comunismo se desfaz na minha cabeça. A vista de lá é indescritível. Abaixo do catelo de Buda, labirintos ainda existem e podemos brincar dentro deles. Ao perder-se dos pensamentos no Bastião dos Pescadores, tem-se Peste aos pés: o estupendo prédio do Parlamento, a Catedral de Santo Estévão, as pontes. A vertigem que se sente ao entrar na majestosa Ópera, que Sissi preferia à de Viena com razão de ser. Seu salão carmim com dourado grita a época de ouro do império Austro-Húngaro. É como se Franz Joseph ainda reinasse e as grandes guerras não tivessem existido.

E como Deus é um só, e de todos os povos, a enorme sinagoga foi preservada pela Guestapo. Provavelmente não tiveram coragem de destruí-la, virou inclusive seu QG. O que não aconteceu com o bairro judaico. Quando andei pelas ruas estreitas, me senti num gueto, onde ainda há buracos nas paredes, tintas velhas e desbotadas nas fachadas das casas e um ar pesado, como que impondo a presença de tanto horror e ignorância.

Mas ainda há o castelo de Peste com a Praça dos Heróis de outrora e o melhor happy hour da cidade: as Termas. Água quente, jatos de massagem, uma lua estourando de cheia e uma juventude que se mostra falante e extrovertida, bem diferente dos que ainda têm nos seus hábitos as marcas do totalitarismo. Se a vida vale pelas experiência que temos, essa foi incrível.

E como se tudo isso não bastasse, inúmeras cervejas para se degustar, gaspacho com vinho para me esquentar e um povo educado e muito belo.
Fui embora de trem, e vi campos, florestas e castelos pelo caminho. Só indo para o mundo que se descobre como ele é diferente daquilo que nos vendem. Próxima parada Eslováquia.
Viszlát.
Amíg a következő alkalommal.

sexta-feira, 30 de julho de 2010


Quero ir para a Capadócia. Viver entre oliveiras e tecelãs,viajando entre a paisagem peculiar, seca e deslumbrante! Quero do alto de um balão avistar um dos berços da civilização humana. Imaginar que a vida bucólica do interior da Turquia não mudou tanto assim nos últimos 3 mil anos.
Quero ver o berço bizantino da inteligência, vou para Istambul! Vou tomar um café turco às margens do Bósforo, com a Hagia Sofia ao fundo com seus minaretes e sua imponência. Essa catedral que virou mesquita que virou santuário.Seja como for, de Justiniano a Maomé, continua despertanto deslumbramento.
Quero ter um pé na Europa e outro na Ásia. Quero ir ao Bazar, onde se vende de tudo, de made in Bizâncio à made in China.
Quero um banho de sol em Pammukale, com suas fontes sulfurosas que mudam de cor com o passar do dia. De manhã azuis, de tarde laranjas, como um arco-íris de supresas.
Não sei de onde vem a minha fascinação pela Turquia. Penso que minha alma já tenha sido bizantina. Apesar de meu sangue ser libanês, é naTurquia que me sinto convocada a comparecer!

Somos todos um só


domingo, 18 de julho de 2010

Mercadão de Madureira

A experimentação de outra realidade é sempre algo instigante. O contato com populares esfrega nos olhos um outro conceito de estética, precisão e ambições existentes, nos fazendo perceber a necessidade de entendimento desta dinâmica peculiar para abocanhar o mercado cada vez mais emergente entre as parcelas mais baixas da população. O Mercadão de Madureira é uma instalação de certa forma bem organizada, onde existem corredores estreitos e sinalizados, com placas indicando sanitários e saídas adequadamente, diminuindo a possibilidade de se perder entre um sem número de lojas parecidas. Várias são as sessões que podemos encontrar. A primeira coisa que chama atenção é a profusão de lojas contendo artigos religiosos, especialmente relacionados à umbanda, onde velas, águas de cheiro e animais para sacrifícios, como pombos, galos e bodes, podem ser facilmente adquiridos. Resta saber se irão trazer o amado de volta em 3 dias. Mais a frente, observa-se uma linha de montagem de brinquedos piratas, destes que são facilmente encontrados nas esquinas do centro da cidade, o que atrai inúmeras crianças que se encantam com o mundo lúdico e podem por alguns momentos esquecer a violência tão abundante que lhes ronda diariamente. Ficam imersos naquele universo até se darem conta que perderam a mãe de vista, entrarem em breve desespero ao olhar ao redor e encontrá-la na loja ao lado, comprando artigos apimentados que serão usados para a prática de aumentar a filharada, e quem sabe até virar foto para colocar no Orkut.
Em um dos cantos, ervas e preparados para emagrecer milagrosamente estão expostos prometendo melhorar a saúde daquela gente feia, gorda e mal cuidada. E no meio da ração humana se misturam uma diversidade de rações animais, colocando na mesma prateleira as cabras do sacrifício e as pessoas suburbanas. É uma mistura que chega a ser cruel. Ao lado, encontram-se artigos de festas sazonais e fogos de artifícios. É uma gente muito simples, alguns com as famílias completas, outros em iminência de festejar algo, que não portam qualquer referência a marcas conhecidas, como se a publicidade não fosse feita para se vestir. Os pesquisadores distinguiam-se dos locais, que os observaram com a curiosidade de quem se sente invadido em seu ambiente familiar.
Após um pitoresco momento pastel de feira com garapa, vão embora com as narinas impregnadas pelo cheiro do alisante de cabelo, que parece ser uma unanimidade estética na região, e com as retinas incomodadas pelas unhas excessivamente desenhadas e compridas, fechando uma experiência antropológica, cercada de clubes noturnos e concorrentes menos organizados, cravada no coração de um dos bairros mais antigos da cidade.

Rio dos Cariocas

Que o Rio de Janeiro é a cidade dos cariocas da gema é indiscutível. Mas também é a cidade dos cariocas dos pampas, da garoa, do dendê, e do brejo, como eu. Cresci no interior de Minas sendo jocosamente chamada de carioca do brejo, como sinônimo de caipira. Mas, “carioca” que sou, acabei me tornando mais uma na multidão de exilados de suas “pátrias” que se aglomeram nos altos e baixos da cidade maravilhosa. Para os da gema, assim a cidade é. E pra nós, imigrantes, que Rio é esse?
Enxergo uma jóia mal tratada. Perder o posto de capital, associado à negligência governamental, promoveu um sucateamento que nem Vik Muniz daria conta de aproveitar. O descaso com a cidade me faz pensar na teoria da janela quebrada: uma vez que algo não esteja intacto, as pessoas se sentem autorizadas a não cuidar mais. Algo como jogar lixo pra todo lado porque o muro está pichado. O Rio pode ser muito feio. E muito sujo, imundo.
Depois de alguns anos morando aqui cheguei à conclusão que a cidade é bonitinha mas ordinária, me apropriando das palavras de outro carioca, desta vez do frevo. Explico. O mercado de trabalho está há anos luz das remunerações paulistas, a especulação imobiliária proibitiva. Temos praias lindíssimas, mas passo meses sem molhar meus pés no mar; montanhas imponentes que não tenho tempo de subir; e o chope mais gelado que há um bom tempo não paro para tomar. De que adianta então morar nessa selva de pedra onde o trânsito está impraticável e um tiro pode cruzar seu caminho a qualquer momento?
Outro motivo de estranhamento entre os não-gema é a dinâmica da conquista na noite da cidade. Existe algo de bizarro entre as mulheres marrentas e os homens blasés que não se conversam mas se beijam. Não entendo, não gosto, não entro no jogo. Mas é assim que a banda toca. Muitas vezes acaba da seguinte maneira: gemas para um lado, o resto para o outro. Quase um apartaide entre o amarelo e o resto do espectro.
Você, da gema amarelinha deve estar roxo de raiva neste momento. Quem essa caipira pensa que é para destratar assim meu paraíso, nosso povo? Calma, pois já não disse que sou carioca também! Tenho uma amiga, também brejeira, que diz que “o homem criou Paris assim como Deus o Rio”. E quem sou eu pra discordar de uma frase tão definitiva.
O que faríamos nós fora daqui? Viveríamos no ostracismo. Onde mais ficaria engarrafada querendo que o trânsito continue parado para poder olhar com mais cuidado o sol tangenciar o maciço de montanhas da floresta ao corcovado e colorir a lagoa de dourado, onde um remador passa lentamente, como uma bucólica cena de filme? Em que cidade do mundo você sai da praia e duas horas depois está assistindo a um concerto em um teatro da categoria do Municipal? Me diga outro local onde o sol é aplaudido de pé ao se pôr no horizonte, onde haja 42 quilômetros tão exuberantes para uma maratona, onde exista uma floresta inteira bem no seu coração, onde andar de Havaianas não seja visto como desleixo, onde o dia comece com névoa, sol e barquinhos sob o Pão de Açúcar. Que outra cidade é capaz de contrariar a sensatez e abduzir pessoas de todo o mundo os tornando cariocas também? Se o mundo é um ovo, a gema é carioca. Penso que a clara também!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Comigo ninguém pode, ou podia, ou nunca pode. Já não sei mais. Alguém passou como um vendaval e desconstruiu minhas barricadas, pegou minha redoma e jogou no fundo da lagoa. Fiquei desprotegida, mas liberta. Espero que continue ventando muito. E a favor!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens.

sábado, 3 de julho de 2010


A roda da vida gira, porque tem que girar. E se ontem estava sem saber que caminho tomar ao perder o rumo antigo, hoje eu me encontro em uma das encruzilhadas do destino. Olho para os lados, como que decidindo pra que lado ir, mas o vento que sopra e a lua que ilumina me guiam para o sul. O caminho já está lá. falta só dar o primeiro passo...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Quando a felicidade aparecer em sua vida, mesmo que dure pouco, agradeça. Enxergue o que há de bom em ter sido feliz e a lição por não mais sê-lo. Da próxima vez que o ciclo rodar, lembre-se disso

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Meu Deus, como o mundo sempre foi vasto e como eu vou morrer um dia. E até morrer vou viver apenas momentos? Não, dai-me mais do que momentos. Não porque momentos sejam poucos, mas porque momentos raros matam de amor pela raridade.
Clarice Lispector

terça-feira, 15 de junho de 2010

Motivada pelo clima de copa do mundo, resolvi dar meus palpites.

Começo com uma pergunta: Porque será que a(s) seleção(ões) Brasileira(s) sempre tropeça(m) contra times que jogam na retranca? Fico me perguntando se tem alguma coisa haver com a nossa dificuldade de viver dentro de um regime disciplinado. Fiquei olhando para aquela balé de olhos puxados que os coreanos nos apresentaram já no aquecimento do jogo, e para o contraste que havia com a displicência do lado de cá do campo, e já comecei ali a desconfiar que as coisas não iam ser fáceis. E quando as cortinas subiram e o espetáculo começou vivemos momentos de contorcionismos e contrações no sofá, mais parecendo um espetáculo de música contemporânea do que uma clássica demonstração de elegância, agilidade e medida. Talvez Robinho tenha correspondido à necessidade do brasileiro de ver um futebol bonito, redondo. Mas um único cisne não faz o lago de Tchaikovski. A Coréia teve a determinação de bloquear as possibilidades de meio de campo do nossos voantes canarinhos, acostumados que estão de estarem como pássaros na gaiola do comunismo totalitarista. Mesmo em evidente desnível técnico, foram revolucionários patriotas na defesa de sua dignidade e conseguiram não só postergar para o segundo tempo a nossa reação, como fazer um gol, anunciado pouco antes, há 2 minutos do término do jogo.
Do nosso lado, os jogadores também são guerreiros, mesmo vivendo em uma democracia onde somos cidadãos livres, muitos cresceram sob o regime escravizante da pobreza, da dificuldade de obter estudo, comida, trabalho. Então onde está a diferença, já que dos dois lados, temos pessoas que sofreram pela incapacidade de seus Estados em gerir as necessidades da população?
A diferença está na maneira que usamos para sair dos problemas. Somos criativos, mas na grandecíssima maioria das vezes, não obedecemos as regras para sair do aperto. Agimos como o Luis Fabiano, que em não conseguindo finalizar seus objetivos, sente-se injustiçado, a cabeça esquenta e sobram pernadas para todos os lados. Ou então, nos conformamos, e ficamos sem saber para onde correr, como o Kaká no primeiro tempo. Pouco conheço dos coreanos, mas imagino que ao norte de Seoul, quem não se enquadra, se estrupia.
O que vimos em campo hoje foi a representação do melhor e do pior de duas nações. Foi um confronto entre a criatividade sem disciplina e da determinação sem liberdade.
E respondendo à pergunta lá de cima, onde não podemos dar nosso jeitinho, as coisas não funcionam. Infelizmente isto não se restringe ao campo de futebol.

domingo, 13 de junho de 2010

Parece que o poeta
precisa calar suas palavras
pois quem as ouve
não as sente corretamente.

Perco algo precioso por externar
a poesia na tragédia do desencontro,
e ferir sua fobia,
me causando desencanto

A decepção da poesia renegada
se junta a dor da alegria rejeitada
e a tristeza da lembrança festejada
que passa agora para a estante empoeirada

Não escreverei mais versos de amor
não sei mais, na verdade nunca soube o seu sabor
o amor é uma construção conceitual
assim como nossa relação eventual

enquanto estiver doendo, escreverei
e quando parar de doer, continuarei escevendo
quem não pode com as palavras do poeta
que não as leia, não as ouça, não as provoque.

domingo, 6 de junho de 2010

É, parece que minha escrita é a forma de exorcisar os fantasmas de minha alma. Ando vagando pelos cantos obscuros de mim mesma, onde achei que já tinha conseguido trazer um pouco de luz. Tenho medo dessas grotas da alma, onde se escondem o medo, a frustração, a culpa, o perfeccionismo, a rejeição. Tenho medo de agir como uma qualquer, mas quem sou eu para ser melhor do que alguém? Não sou diferente de nada daquilo que me cerca. Nem você é diferente de ninguém. O ser humano se esconde atrás de cascas físicas e comportamentais, mas no fundo, somos todos animais que lutam contra a razão e não contra a falta de. Espero parar de escrever em breve. Pelo menos nesse contexto de querer jogar tudo, e todos, para o alto e desaparecer da face da terra. Que a TPM passe logo, ou que eu acorde um pouco menos azeda. Hoje tá foda!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Hoje senti a falta na sua ausência, senti a raiva na sua teimosia, senti a dor na ironia do destino. Senti que não sabia o tanto que você representa na minha vida. Senti que te adoro que te quero que te preciso. Senti o quanto desejo seus beijos, seu cheiro, seu toque. Senti que não podemos controlar o destino, muito menos a cabeça dura de um homem, mas que a vida é um rio que segue por solos desconhecidos, cheios de revoltas e calmarias, e que é impossível saber onde sem que o quando chegue. Senti que quero, gosto, espero, desejo você.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Pessoas engraçadas

Decidi começar a registrar os tipos inacreditáveis que circulam por aí, pena que ainda não tenho cara de pau de fotografá-los.

Tipo 1

Velhinho no banco

Realiza a cena. Você está no banco há cerca de 40 minutos esperando às 3 da tarde metade dos gerentes voltarem do almoço pra ver se a fila anda. Está de pé, sim porque a essa altura não existe mais cadeira. Eis que adentra um senhor com cara de humilde, calça branca surrada presa ao corpo por um suspensório frouxo, uma camisa azul tão clara que fica difícil saber se algum dia já houve cor na peça poída. Uma das pernas da calça dobrada até o meio das canelas com a meia marrom esticada até onde o elástico gasto permite. E sapatos castor bastante surrados e sem quaisquer resquícios de graxa. Não bastasse a figura ser peculiar por si só, o indivíduo saca sabe lá de onde três laranjas. E vai para a fila dos caixas fazendo malabarismo. Imaginou? Pois eu vi!
Tenho certeza que se eu fosse o Veríssimo esse episódio ia virar piada e se eu fosse o João Ubaldo, ia virar prosa do pé sujo. Ai se eu tivesse uma foto!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Ando sem conserguir escrever. Hoje estou me "obrigando". Acho que estou numa fase mais de absorção do que de processamento. Tenho visto, lido, ouvido tanta coisa interessante que parece que mudei de fase no video game da vida e ainda tenho que descobrir que botão apertar para usar as novas habilidades. Novas dimensões estão se abrindo. Em breve, incorporo tudo porque a gente se acostuma com o que é bom rapidinho..

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Rio de Janeiro (ou Lagos de Abril?)

Vejo uma cidade cinza
O horizonte se funde no mar
A chuva molha o asfalto
e o Cristo, olhando lá do alto

Nas ruas, guarda-chuvas se esbarram,
automóveis encharcam transeuntes,
motocicletas se jogam e matam
como um balé decadente de horrores

Chove no Rio de Janeiro
Chora o Cristo Redentor
triste, incrédulo, impotente.
Submerge Rio; submerge.

Grão de Luz 13/04/08

quinta-feira, 25 de março de 2010

Belicosidade

Não me canso de me surpreender com as pessoas. Essa semana, depois de esvaziar a cabeça das preocupações, a vida resolveu me dar um choque de realidade. Vi a competição onde havia cooperação, a vaidade onde havia humildade, a insubordinação onde havia respeito, o descarte onde havia necessidade. Me desiludi mais uma vez. Está mesmo na hora de parar de acreditar que o ser humano pode viver sem competição, com generosidade e cooperação. Me sinto como um anjo decaído, que da tranquilidade de seu lugar despencou rumo ao inferno, onde o tiro pode vir de qualquer lado a qualquer momento e de forma incessante. Infelizmente vou ter que me armar até os dentes e partir pra guerra. Dá muita preguiça voltar a ser bélica e intransigente, mas pelo menos irá garantir minha sobrevivência....

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sobre pedras e caminhos

Hoje acordei muito triste. Não sei exatamente porque, tenho algumas suspeitas, mas não dá pra ser feliz todos os dias... Tenho pensado muito sobre as dificuldades que temos que enfrentar nos caminhos da felicidade. Todas as dificuldades podem ser um obstáculo muito complexo, dependendo do peso que damos a isto. As relações podem ser difíceis pela falta ou pelo excesso de qualquer coisa. Parafraseando Tósltoi: "Todas os casais felizes são parecidos entre si. Os infelizes são infelizes cada um a sua maneira.", ou seja, cada um escolhe a pedra onde vai estacionar. Ter medo de enfrentar as pedras no caminho te deixa apenas duas opções: parar ali ou voltar atrás e tentar outra estrada. O medo engessa a razão, endurece os sentimento e machuca quem está por perto. Às vezes, o medo da pedra é tão grande, que a pedra se torna realmente enorme e intransponível. Eu não vou fugir da pedras, não costumo estremecer diante dos desafio. Pago pra ver, transformo as pedras em degraus pra crescer e seguir em frente. Mas só posso falar e fazer por mim. A felicidade me espera ali na próxima curva, ou no final de milhares de quilômetros, mas não importa. Estar no caminho certo já me é suficiente. Amanhã estarei melhor e minhas pedras de hoje terão ficado para trás.

domingo, 7 de março de 2010

Café Vienense

Em um café de Viena, deixo meus pensametos soltos, vagando por onde bem entenderem... Vou a tantos lugares e vejo tantas pessoas que quase me esqueço onde realmente estou. Aqui o tempo parece ter parado há uns 100 anos atrás, eu duvido que o cardápio tenha mudado.. Ningém te pergunta nada, ninguém recolhe seus copos, como que lhe mandando embora e jamais lhe oferecem a conta. Talvez aqui tenha começado o movimento do slow food, o do slow down e o da light life. Mesmo comendo bacon com salsichas e esplendorosas sobremesas a vida é muito mais leve por esses cantos do velho mundo. Arrisco a dizer que em muitas coisas já aprenderam a viver. E eu, não vou sair daqui sem aprender!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Shabat Shalom

Shalom aleichem malachei ha-shareis malachei elyon,
mi-melech malchei ha-melachim Ha-Kadosh Baruch Hu.
Bo'achem le-shalom malachei ha-shalom malachei elyon,
mi-melech malchei ha-melachim Ha-Kadosh Baruch Hu.
Barchuni le-shalom malachei ha-shalom malachei elyon,
mi-melech malchei ha-melachim Ha-Kadosh Baruch Hu.
Tzeis'chem le-shalom malachei ha-shalom malachei elyon,
mi-melech malchei ha-melachim Ha-Kadosh Baruch Hu.
http://www.youtube.com/watch?v=9mvy2TCx3QQ

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Procuro nos cantos os momentos de insegurança para neles me agarrar e me sentir segura, uma vez que insegura. Louco mudar essa dinâmica de pensamentos empoeirados e grudentos, que cismam em ter luz própria e ofuscar a realidade. Me sinto numa guerra interminável, lutando sem entender o real motivo da batalha. Não conheço a face do inimigo, apesar de sermos velhos companheiros. Ataco a todos então e abro meu peito no front desafiando a tudo e a todos que estejam procurando um alvo para disparar seu ódio. Suicido e ressucito, mas cansei de me fingir de morta. Para renascer, é preciso morrer de verdade. Me sinto como um vampiro, não vive, mas nunca morre, que para viver preciso ser um parasita de mim mesma, me colocando em um ciclo onde me acabo lenta e progressivamente, como se merecesse a tortura que a insegurança de não saber o que se é me trás. Estou cansada, preciso voltar pro meu canto escuro, onde repousam os meus fantasmas que me dão segurança e infelicidade.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Medida

Medida da culpa daquilo que lhe cabe no que lhe é atribuído. Difícil de acompanhar meu raciocínio?? Mais difícil ainda de desenrolar esse novelo.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Perdida no olho do furacão eu sigo sem saber onde vou estar quando a tempestade passar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Hora de colocar a cabeça no lugar, buscar a luz, aniquilar a contra-inteligência e (pelo amor de deus) voltar a malhar. Chega de multirão de estresse. Quero aprender a ter o filtro da leveza, mesmo que a brisa vire furacão.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Tempo, tempo, tempo.
Queremos que ele passe, que não acabe, que volte, que chegue, que desapareça
Acontece que sua soberania é absoluta
Passa do jeito que tem que passar e somos nós que temos que esperar
Me resta apenas escolher o tempo onírico de meus pensamentos
Neles, vivo paulicéias desvairadas e boleros intensos sempre que o coração pede
E ele pede sempre

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O que Rennè Magritte, um contorcionista russo e uma lona têm em comum???
O que fazer quando a melancolia me toma de assalto, trazendo a insegurança e o medo que estavam enterrados? A angústia me consome as energias e atrapalha meu sono. Sonhos se tornam pesadelos, e só o que posso fazer é acordar suada e assustada, com medo daquela realidade nada onírica. Seria tudo isso apenas consequência da exaustão, ou os ventos estão mudando de direção? Ser feliz me dá medo de deixar de sê-lo.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Falando de mudanças



Quem me conhece me classifica como feminista. Talvez porque achem que feminista é qualquer mulher independente capaz de se virar sozinha. Isso não é ser feminista, é ser produto do feminismo. Primeiro, inventaram que para ser mulher, era preciso ser homem. Trabalhar igual aos homens, nas mesmas funções, ajudar a sustentar as famílias. Para isso, soutiens foram queimados em praça pública, calças e camisas substituíram as saias e os espartilhos, a relação aberta substituiu o casamento, a liberdade sexual arrebatou o pudor secular, e dessa forma, conquistaríamos um lugar ao sol no mercado de trabalho e porque não na vida social, com direitos iguais aos homens. Só que ninguém percebeu que isto tudo não passaria de utopia, não se sustentaria.
Em algum momento isso deixou de ser suficiente, então inventaram que para ser mulher era preciso ser melhor que ser homem. Era preciso trabalhar com a mesma carga horária, e matar um leão por dia para mostrar para a sociedade que estávamos em pé de igualdade com o sexo oposto. E isso não é tudo, era imperativo continuar cuidando dos filhos como é necessário para uma boa educação, cuidar da casa, que precisa ser organizada, abastecida, limpa e funcional para uma família feliz, e porque não, cuidar do marido, que precisa que uma esposa atenda à suas necessidades. A famosa tripla jornada.
Mas a tripla jornada também se mostrou insuficiente. Como assim, uma mulher cuida de tudo e não cuida de si mesma? É preciso estar magra, malhada, com cabelos sedosos e bem cortados, a pele de bebê, as unhas bem cuidadas, e nunca, nunca permitir que o esmalte descasque. Há de se estar sempre linda, desde a hora que acordar, como as atrizes da novela. Separar apenas 20 minutos do dia para alongamentos, mastigar 32 vezes antes de engolir, escovar 100 vezes os cabelos ao deitar, usar todos os dias filtro solar, correr todos os dias, fazer meia hora de localizada, comer todos os dias um tomate, cinco porções de frutas, 100 g de quinoa (só serve a real), dois litros de água, estar de salto, bem vestida e devidamente maquiada e penteada as 8h da manhã às 10h da noite. E a tripla jornada vira quádrupla. Cuidar do trabalho, dos filhos, do marido, da casa e da beleza e ainda eventualmente levar o carro na oficina. O risco de não dar conta de tantas laranjas no ar, é de perder tudo. Mas não se preocupe, as revistas femini(st)nas têm a fórmula para todos os seus problemas. Afinal de contas, você é muito poderosa, como todo ser humano portador de 2 cromossomas X.
E aí, quando uma mulher percebe que na prática é quase impossível dar conta dessa vida de comercial de margarina, se sente frustrada e incapaz de corresponder com as expectativas que a sociedade exige, como se falhasse na sua capacidade de ser mulher.
E os homens, ficam perdidos, sem saber qual posição ocupar ao lado da toda poderosa mulher moderna, que é capaz de dar conta de tudo sozinha, sem a sua ajuda. E aí, cria-se um paradigma difícil de resolver. Eles não sabem o que fazer, e elas não sabem mais o que eles devem fazer. Pode parecer um pensamento muito linear para um assunto tão complexo, mas para mim é muito simples. Deslocados de seus papéis milenares, não sentem necessidade de se portar como homens, melhor continuar moleques, pois assim não têm que ter as responsabilidades que já não sabem mais quais são. Socialmente, o feminismo reduziu-os à consortes das donas do mundo. Isso fere seus instintos e reduz o cromossoma Y à uma insignificância evolutiva que desafia a teoria da evolução.
Assim, não me considero feminista, mas feminina. Acho louvável termos a liberdade de vivermos nossas vidas, igual aos homens, mas é condenável essa febre feminista de supremacia artificial que estraga as relações e nos torna mais frágeis e vulneráveis do que antes da caça aos espartilhos. Homens e mulheres se completam, não competem. Nunca serei feminista. Tenho respeito aos homens e amor aos meus soutiens.