terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Nuvem Cinza

Hoje vou falar sobre a nuvem cinza. A nuvem cinza que se adensa e cobre a cidade, espalhando-se por entre as rochas e árvores, obstruindo a visão da paisagem. Chega insidiosa como o espanto não percebido, parece fluida, parece sólida. Sobe vagarosamente, mas não desobstrui o horizonte, velado pelo seu balé de inconstâncias. De repente, o azul do céu, já esquecido a esta hora, se anuncia, mas ele também se permite se corar de cinza, cor pálida e densa. Também tenho cinza em meus recessos obstruídos de perguntas e sem horizonte visível. O cinza invade minhas convicções como uma neblina baixa, gelada, líquida e repentina, levando a um arrepio lépido em minha espinha. Arrepio que nem o espanto poderia gerar. Desce rápido e obstrui meus passos errantes, que se já não sabiam antes onde pisar, vacilam a cada tentativa de seguir em frente. A nuvem cinza vai do branco ao preto, sem nunca, no entanto, atingi-los. Ela não é dada à extremos, prefere o espectro infinito de tonalidades intermitentes. Ela confunde, ela passa. A dúvida é cinza. Assim como a nuvem, também confunde, mas também passa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário