sábado, 18 de dezembro de 2010

É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música.
Honoré de Balzac

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Nuvem Cinza

Hoje vou falar sobre a nuvem cinza. A nuvem cinza que se adensa e cobre a cidade, espalhando-se por entre as rochas e árvores, obstruindo a visão da paisagem. Chega insidiosa como o espanto não percebido, parece fluida, parece sólida. Sobe vagarosamente, mas não desobstrui o horizonte, velado pelo seu balé de inconstâncias. De repente, o azul do céu, já esquecido a esta hora, se anuncia, mas ele também se permite se corar de cinza, cor pálida e densa. Também tenho cinza em meus recessos obstruídos de perguntas e sem horizonte visível. O cinza invade minhas convicções como uma neblina baixa, gelada, líquida e repentina, levando a um arrepio lépido em minha espinha. Arrepio que nem o espanto poderia gerar. Desce rápido e obstrui meus passos errantes, que se já não sabiam antes onde pisar, vacilam a cada tentativa de seguir em frente. A nuvem cinza vai do branco ao preto, sem nunca, no entanto, atingi-los. Ela não é dada à extremos, prefere o espectro infinito de tonalidades intermitentes. Ela confunde, ela passa. A dúvida é cinza. Assim como a nuvem, também confunde, mas também passa.

Voô do Condor

Me colocarei sob seus pés para que neles possa sentir os caminhos por onde andou, e quem sabe pressentir os caminhos por onde vou. Preciso de mudanças, mas para fechar a porta, novas janelas precisam se abrir. Quero saber por onde sopra seu vento, por onde corre seu perfume. Não, não é pra ir atrás, mas para me inspirar no rastro de quem escreveu certo por linhas tortas, pois eu me cansei de escrever torto nas linhas retas e caretas da minha vida.

Quero a liberdade do vôo de um condor, que paira nas alturas e mergulha em seu alvo certo. Tão cheio de convicção, que chega a ser arrogante. A arrogância da certeza de se saber fazendo aquilo que será bem sucedido. A empáfia da objetividade.

Sou uma lagarta sentindo-se comprimida por seu casulo, mas sabendo que a pressão é parte da transformação. Hora de criar asas e aprender a voar de vez..