terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pedaços

Somos formados por fragmentos. Não fragmentos de nós mesmos, mas fragmentos de todas as pessoas e experiências que povoaram nosso caminho.

Cada indivíduo pode provocar mudanças em alguém. Não precisa agir premeditadamente para isso, muito menos nutrir algum tipo de sentimento positivo. Basta um gesto, uma palavra, um momento, daqueles que ninguém sabe de onde vem, para se abrir um mundo de possibilidades na cabeça do outro. Pessoas que aparentemente não tiveram importância alguma em minha vida, foram capazes de mudá-la definitivamente. Sim, porque cada experiência que se vive é um caminho sem volta. A experiência fica arraigada, no subconsciente que seja , e quando menos se espera, puf, se manisfesta. E aí, a transformação foi feita!

Amei pessoas que me deixaram pouco mais que uma lembrança bucólica de uma felicidade de momento. Me irritei com outras tantas que foram capazes de me jogar na cara meus defeitos que fingira não ver; na maioria dos casos, pobres de espírito. Esses geralmente não têm a menor idéia que na sua medíocre existência, são capazes de gestos tão generosos como esfregar (e lavar) a verdade na cara da gente. Diria até que pessoas medíocres são necessárias em algum ponto do caminho da vida.

Lhe causou estranhamento essa minha afirmação? Vejamos: ser medíocre é estar no meio, ser mediano. Ora, não buscamos justamente o tal caminho do meio? Então, mediocridade tem seu mérito!

Conheci também loucos. Varridos, de pedra, de fato e de direito. Os loucos são muito interessantes. Seja de que forma fujam da realidade, sempre me fazem refletir o quanto a mais seria necessário para que eu fosse um deles. Sério! Que de perto ninguém é normal, todo mundo sabe, mas o que ninguém se dá conta é que somos grandes mentecaptos em busca única e exclusivamente da razão. Meus amigos já ouviram eu dizer algumas vezes a conclusão que cheguei sobre minha própria loucura: sou doida, mas não sou maluca!

Há ainda os gênios. São revigorantes. Me aguçam a curiosidade sobre as coisas do mundo, nutrem minha ânsia de sapiência, mas também desafiam a inveja e a vaidade de quem tem sede de conhecimento. Gênios são quase pecadores capitais. Há uma certa aura de distanciamento social. Todos querem ser geniais, mas no fundo sabem que o preço é alto. Mas mesmo assim, uma mente brilhante me é tão fascinante quanto sensual. Os gênios me fazem entender que é necessário mais do que fragmentos para as coisas terem consistência. Aprendi a ir mais a fundo.

Pelo meu caminho, fui descobrindo um sem número de coisas graças às influências externas. Escritores, brechós, defeitos, lugares, restaurantes, praias, pintores, qualidades, sonhos, vontades, músicas.

Pessoas vêm e vão nessa vida. Mas deixam sempre pra trás fragmentos de si que serão substituídos pelos das outras pessoas que vieram ou virão.

Somos sim produto do meio. Somos um caldeirão de influências: experiências que nos tocam, nos modificam, nos marcam. Sou tudo que vi, li, ouvi, vivi e experimentei. Sou fragmentada e dessa forma me faço inteira. Como um mosaico, de longe só se vê o todo, mas de perto, sabemos que somos formados por várias partes. E é isso que torna um ser humano tão fascinante.

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