sexta-feira, 24 de julho de 2009

Ensaio sobre a cegueira

Já vaguei cega por muito tempo nessa vida.
Já vi o mundo contido em meu umbigo.
Já vi minha imagem refletida no lago e me afoguei.
Já me vi só, absolutamente desamparada.

Mas como um cometa, que rasga o céu deixando sua cauda de poeira, você passou e mudou meu equilíbrio instável. Um cometa, de trajetória errante, que atrai e é atraído pelas órbitas que passa, me trouxe de volta ao estado de não cegueira. Quebrou-se a muralha que me obstruia dos fatos.

Vi que não serei suficiente para ninguém se não for suficiente para mim mesma.
Vi também que o meu umbigo está contido em, mas não é o mundo.
Vi também, que não era a única a agir assim.

Não me sinto mais desamparada.
Tenho minhas pernas que me sustentam, meu umbigo que sustenta um piercing, minhas asas que voam livres em minhas idéias e uso óculos, não os meus, mas os de Freud, que finalmente me permitem fazer um ensaio sobre a lucidez.

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