segunda-feira, 15 de junho de 2009

Qual é a pílula que você tomou?

"You take the blue pill, the story ends. You wake up in your bed and believe whatever you want to believe.
You take the red pill, You stay in Wonderland and I show You how deep the rabbit hole goes.
I'm only offering you the Truth... Nothing more!"
Matrix




Fico pensando que eu não vivo no mundo real. Sempre achei que vivesse, mas não vivo não.
Levo minha vida, de forma linear, objetiva e programada. Achei que isso fosse o mundo real. Sou. Simplesmente. Acordo cedo, durmo tarde, trabalho muito. Sou gente que faz. Não faço nada grandioso, não sou ninguém perante a sociedade. Mas eu sou a pessoa mais importante da minha vida. E faço diferença, com o meu trabalho, na vida das pessoas que me confiam suas vidas.
- Chato issso né? Coisa mais sem graça essa linearidade. O dia tem hora pra começar e acabar, você sabe exatamente o roteiro da sua vida, desinteressante... Você pode pensar.
Mas não. Eu acho isso incrível. Quando somos capazes de sentir as emoções de uma vida dentro de uma rotina linear, o que sentimos é excepcional. Não preciso produzir emoções na minha vida. Elas simplesmente acontecem, e são palpáveis, sustentáveis, marcantes. E isso me parece ser a definição de vida real.
Alguns podem pensar que viver a vida intensamente está em fazer as coisas à moda doida, ao sabor dos ventos. Ledo engano. Essa busca constante pela novidade, pelo imprevisível cansa, distorce a realidade, produz uma felicidade superficial, como um sorriso para a foto da coluna social de domingo.
Mas porque concluí que não vivo no mundo real? Por que a excessão parece ter virado regra.
vejo todos em busca de uma densidade inatingível para quem não tem base. Sem pilares, não ser contrói nada. E os pilares são construídos nas pequenas coisas do dia-a-dia. É quando estou sozinha comigo mesma, que os milagres acontecem na minha vida. Nesses momentos, quando meu dois eus, consicente e inconsciente, resolvem ter longas conversas, entendo todos os caminhos e atitudes que tomei e planejo tomar na minha vida. Assim solidificada, posso sustentar qualquer coisa que eu receba, de bom e de ruim.
Me espanto com pessoas que pensam que é na liberação de seus instintos que mora sua felicidade... O ser humano se coloca como seus ancestrais irracionais ao agir por instintos, sem restrições. A capacidade de entender subjetivamente o que é consequência nos diferencia dos macaquinhos treinados pavlovianamente para sentir esta consequência objetivamente.
Se isso é o mundo real, prefiro voltar para minha realidade virtual. Lá não vivo algemada em pilares fragéis e pensamentos toscos. Só sei ser inteira, apenas minha metade não me satisfaz.

I took the red pill!
Grão de Luz

Nenhum comentário:

Postar um comentário